Quando estamos passando serias
dificuldades, costumamos dizer que estamos vivendo uma provação, ou uma prova
de fogo. Aprendemos que as adversidades
são como o esmeril que irão provar se nossa alma é de ferro ou de barro.
Vejo agora de forma diferente.
As adversidades podem não ser a
prova, mas sim as lições, que estão nos ensinando a vivenciar a escassez e a
dificuldade, e a obter o máximo diante do mínimo, a exercitar nossa
inteligencia e nossa sensibilidade diante da vida e das pessoas.
A prova mesmo não acontece na
escassez, porque para ser uma prova é preciso haver opções de escolha, e na
escassez não temos outra escolha.
A prova seria a fartura e a
abundancia, quando tudo vai bem e nos sentimos seguros e confiantes.
É fácil ser econômico quando não se
tem recursos, ter compaixão com as pessoas quando sofremos as mesmas injustiças
que elas, sermos eficientes e rápidos quando não temos muito tempo, sermos cuidadosos quando sabemos que estamos em
terreno minado...
Difícil mesmo é quando tudo é
fartura e abundancia, quando temos poder, virilidade, juventude, beleza e
energia sobrando.
Será que lembraremos dos que não
tem recursos quando estivermos sentados a uma mesa farta? Será que lembraremos dos injustiçados quando tivermos
o poder para mudar as coisas e fazer a nossa vontade se impor sobre os demais?
Como será que agiremos diante do poder capaz de oprimir os inimigos e eliminar
as ameaças?
Esta, meus amigos, é a verdadeira prova de fogo para qualquer
ser humano!
Ser um Papa por exemplo, é a maior
prova de humildade. Ser um grande empresário, um governador, um presidente, ou
mesmo um pai, um chefe ou qualquer posição em que as circunstancias nos confira
o poder de mudar a direção das coisas e impor nossa vontade sobre os outros.
São gigantescas provas de fogo que
irão testar de fato se nossa alma é capaz de sentir a vida ao seu redor, e
compartilhar suas energias e sabedoria,
ou se deixar cair na ilusão do poder individualista e totalitário.
João Sérgio
Sem dúvida, meu querido!
ResponderExcluirE nessa prova que a abundância nos dirige, a pergunta é sempre esta: será que vou me manter fiel aos meus princípios? Ou será que vou cuidar dos meus próprios interesses prejudicando os demais. Eu pessoalmente entendo que quem se questiona isso já tem meio caminho andando para a justiça. Porque tem a humildade, porque sabe dos inúmeros perigos que espreitam atrás da porta.
Mas convém, mesmo assim, estar atento. Porque, num ápice de segundo, tudo pode ficar destruído.
Muitos abraços na sua alma, querido.
Que bom, que este recanto está servindo para nossas profundas reflexões!
ResponderExcluirÀs vezes, eu me coloco a refletir sobre estas questões, e não consigo concluir quem está sendo posto à prova.
Eu não sei se sou o sujeito ou o objeto, se sou o fogo que queima ou a vítima que foi queimada.
Concordo, João Sérgio, que a condição de juiz é por demais ingrata.
Todos somos testados a todo instante, e chamados a decidir.
Uma decisão justa pode promover injustiças, e, às vezes, o inverso também é verdadeiro.
Quanto maior o poder, maiores as probabilidades de erros.
Se temos o poder, precisamos saber usá-lo. No entanto, não usá-lo também pode ser um erro.
O fogo queima externa e internamente, porém, a queimadura é mais fácil de ser identificada se for aparente.
A profundidade da sua reflexão, amigo João Sérgio, mexe com a consciência de todos que, na função de mestres, precisa ser justo no coletivo, o que, muitas vezes, pode resultar numa aparente injustiça individual.
Quantas e quantas vezes, eu me torturei por uma decisão tomada, sem saber se queimara alguém ou me queimara.
Muitas dessas respostas, até hoje, ainda não as tenho, o que não me permite recuar, continuando a assumir meu dever.
Quantas provas de fogo somos forçados a enfrentar, e a sair chamuscados ou, até mesmo, literalmente, queimados.
Recordo-me, agora, de uma música, cantada pela Wanderléa, com esse título Prova de Fogo. E ela dizia que "esta é uma prova de fogo, você vai dizer se gosta de mim".
Parece simples, mas não é.
Até para uma simples resposta se gosta ou não gosta de mim, há muitos riscos envolvidos, e um dos dois, ou ambos, podem sair queimados.
Confesso-lhes, João e Jorge, que prefiro a prova do vento, que, pelo menos, me ensina a mudar e a perceber que queimar-se faz parte da vida de quem tem que tomar decisões, não só os chefes e poderosos, mas cada um de nós.
Amo a música do Bob Dylan, que diz que a resposta para tudo está soprando no vento. Se a gente se queimar, o vento pode soprar e amenizar as nossas dores.
Este Concílio é muito aconchegante, mesmo quando a gente tem pressa, para cuidar do Seminário do dia seguinte.
Abraços calorosos, amigos, João Sérgio e Jorge Vicente, e até certo ponto saudosos, para a nossa mestra Rute.
Gilberto.
Muitas reflexões mestre, nascem da angústia de tentar motivar os alunos do curso. Este ano o curso é totalmente online e tem gente de todo canto, mas raros são os que se manifestam. Agora entendo sua luta e sua determinação...
ResponderExcluirSim, João Sérgio, e a maior angústia se dá, quando se descobre que não somos capazes de motivar quem não quer ou não está preparado para ser motivado.
ResponderExcluirA gente se questiona a respeito do que está faltando fazer, e percebe-se que não falta nada, a não ser aguardar que surja o despertar da consciência do aprendiz.
É frustrante, mas não há o que fazer a não ser esperar.
Boa sorte, amigo.
Abraço.
Gilberto.