"Nós somos duração (ou, pelo menos, «duro desejo de durar», como Paul
Éluard defendia). Quer dizer, trazemos em nós a memória e a presença de
tempos muito diversos e isso, por muito que nos custe, é um dom.
Conhecer-se é tomar consciência desses tempos que coexistem em nós,
mesmo no seu contraste. Gostaríamos que a vida fosse mais linear e
harmoniosa, não tivesse a marca daquele solavanco ou daquela ferida, não
tivesse atravessado aquele estremecimento. É verdade, para bem e para
mal, aquilo que Camus escreveu: «O homem é o único animal que se recusa
a ser o que é.» Mas em nós coexistirão sempre o breu e a lâmpada, o
tesouro e o barro, e a atitude não é mudar aquilo que não podemos mudar,
mas perceber que a ambivalência, em certo grau, também é uma respiração
que nos pertence. Bem desejaríamos poder travar ou modificar o tempo.
Porém, o importante não é ser perfeito: o fundamental é ser inteiro.
Trata-se, assim, de integrar, na composição que fazemos da existência, a
diversidade, a fragmentação e o contraste. E os pequenos triunfos
dão-nos fortaleza para olhar as grandes humilhações, e as dificuldades
vividas oferecem-nos sabedoria para olhar de outra maneira para tudo o
resto. As experiências de liberdade ampliam a capacidade e a esperança
para suportar os momentos em que a perdemos; e as experiências em que
nos sentimos aprisionados consolidam a resistência, a força e até o
sentido de humor para vivermos os tempos de liberdade. Há, portanto, que
afastar a tentação do cinismo e aceitar que somos feitos efetivamente
destes materiais tão diferentes e que tudo isso é matéria de vida e de
dádiva".
Trabalho de encerramento do Curso de Mestrado em Numerologia da Alma ano 2023 do Projeto Escola Gilberto Gonçalves. Avelino Luz Machado 15/12/2023 ‘’Vocês ao final do curso vão precisar apresentar um trabalho escrito e o tema ficará à escolha de cada um’’, disse nosso mestre na última reunião online que tivemos em um início de noite de um domingo. Desde aquele momento, a cabeça já começou a fervilhar tentando encontrar um assunto que pudesse ser interessante entre tantos outros possíveis. De manhã, tarde, noite e até acho que dormindo, ficava remoendo, pensando sobre o que falar. De repente surgiu uma ideia – ‘’por que não falar sobre os números terminados em zero?’’ Continuei pensando na possibilidade e resolvi consultar meu mestre para saber sua opinião. ‘’É uma boa ideia’’, respondeu ele. Fiquei pensando na sua resposta - um tanto lacônica. Será que representava um sim ou um não? Na minha cabeça essa ideia já estava plantada e começava a germinar. Falei comigo mesmo: ‘’vou em frent
Meus amigos,
ResponderExcluirPenso que além do tempo e do espaço, do sucesso e do fracasso paira nas alturas águia da consciência. Acima das intempéries ela pode descer, alimentar-se, mergulhar nas águas, enfrentar os ventos e tornar sempre a sua Morada, o seu lugar magestoso e pleno de onde ela, a consciência, contempla a imensidão do infinito...
Mestres, não se esqueçam dos seus tempos de aprendizes!
ResponderExcluirEternos aprendizes somos nós, ainda que na função de mestres.
Quero relembrá-los um trecho de uma aula do Nível Superior I, que tratou deste tema sobre tempo e espaço.
Talvez, nem todos relembrem, mas, Rute, sem dúvida, terá os seus arquivos remexidos e a aula encontrada.
Vamos a ele.
Somos uma fusão de tempo-espaço numa confusão que dá gosto! Seria a nossa Alma uma parte do Inconsciente Coletivo Divino, assim como a Personalidade é uma partícula do Inconsciente Coletivo Humano? Se assim for, justifica-se a afirmação quântica de que, sendo parte do Todo, nós também somos o Todo. E, da mesma forma, somos todos responsáveis pelo caos em que vive a humanidade, pois, não é um ou outro o culpado de tudo isso, mas, o somatório das psiques humanas, que Jung chamou de Inconsciente Coletivo.
Será que conseguiremos destrinchar esse intrincado quebra-cabeça? Esqueçam as Leis de Newton, e se transportem para fora da esfera física que nos prende à matéria. Entrem no mundo subatômico de Heisenberg, e se vejam viajando no tempo, sem escalas, sem tempo e nem espaço.
Avancem em direção ao passado, recuem para o futuro, transportem o presente para onde ele melhor se acomode, e não se deixem enganar pelo calendário. Todos nós vivemos muito além do tempo, e ocupamos o espaço que melhor nos aprouver, de acordo com as ondas e partículas que se alternam à nossa frente.
Se soubermos agir com naturalidade numa contínua e constante travessia dos portais do tempo, cancelaremos karmas e conquistaremos méritos, acelerando a evolução da alma, não precisando de várias encarnações, mas, cumprindo diversas missões numa única vida.
Abraços.
Gilberto
Meus queridos,
ResponderExcluirMuito obrigado pelos vossos comentários. Foi mesmo para este diálogo que eu resolvi evocar este texto de José Tolentino Mendonça. Ele é padre católico e é poeta também. No entanto, ele consegue transmutar toda a sua tradição católica e consegue ir para outros mares, talvez não tão profundos como os nossos, mas que para lá caminham.
Eu gosto muito da co-existência em nós de muitas coisas: daquilo que pensamos que é nosso, daquilo que é Único e daquilo que é Tudo. Nós somos nós mesmos e somos o todo. Tudo ao mesmo tempo e no mesmo espaço. E transcendendo esse mesmo espaço.
Querido Gilberto, tu falavas que Jung falava do somatório das psiques humanas como sendo o Inconsciente Colectivo. Eu acho que isso está muito mais para além de um somatório. É tudo ao mesmo tempo e de todas as maneiras possíveis e impossíveis e ainda por realizar. É algo que escapa à nossa consciência e inteligência ainda limitada.
Muitos abraços a todos
Jorgr
Querido amigo, Jorge Vicente:
ResponderExcluirAcredito que Jung queria ir bem além do que somente psiques humanas encarnadas, mas, talvez, fosse mais conveniente que não ultrapassasse certos limites, para que não provocasse o muito que já vinha fazendo com a sociedade científica de sua época.
Como disseste muito bem, na sua frase final: é algo que escapa à nossa consciência e inteligência ainda limitada.
O Todo pode ser aceito, mas não explicado. O Absoluto pode ser conceituado, mas não compreendido.
A ciência pode saber muito, mas não tudo.
Somos eternos buscadores de verdades, Indianas Jones saindo atrás de riquezas espirituais.
Abraços a todos.
Gilberto.